terça-feira, 31 de março de 2015

cera fria

Me inquieta a maneira como eu não reajo. Dói. Mas eu resolvo fincar meus pés no chão e fazer raiz no que não é bom. Não no que me afeta, pelo contrário, no que me imobiliza. Não me deixa ir, nem voltar. Não me deixa acordar para dentro de mim e entender o que se passa por fora. Me inquieta a maneira como eu julgo as pessoas e acabo fazendo tudo o que julgava errado, ou mesmo pequeno. A vida é um ciclo e ninguém está sozinho. Todos participam do acontecimento, de forma simultânea ou não. Mas todos vivem a mesma coisa. Todos choram por amores não correspondidos, todos esperam  mais do que recebem, todos se entristecem pela falta de atenção e todos se esquecem de que talvez não seja tão complicado resolver os problemas. O que mais me inquieta é que parece que eu tenho a respostas para todas as perguntas sem sentido, e essas respostas que também são sem sentido não tem valor por que eu não consigo juntar o que realmente importa disso e o que eu posso descartar. É muito estranho, mas se formos comparar com mil outras teorias sem fundamento, a ideia de que eu posso conseguir respondê-las pode estar certa também. Não que tudo seja um buraco negro sem explicação, mas que também pode haver respostas no escuro.

sexta-feira, 13 de março de 2015

sacanagem

 A paixão é uma dor, não necessariamente dolorosa, mas uma coisinha que incomoda e mexe com o juízo. A gente pensa que está tudo resolvido quando de repente, nem se lembra mais quais foram as decisões tomadas e cede. Sem medo, parece que a coragem do mundo aparece quando a paixão ressurge.
Mas ainda assim incomoda, porque ela é traiçoeira e cega. Ela cria dentro da gente uma sensação de êxtase, mais parecida com euforia, e a gente se esquece de tudo o que contribui para o mal do decorrer dos acontecimentos. A gente mergulha, como se não houvesse amanhã, e como se o amanhã a ressaca não viesse com tudo.
O pior é quando o coração se divide em partes completamente diferentes e não avisa o que quer sentir. Ele fica grande pra umas coisas e se diminui pra outras. O coração se cansa. Eu não quero que ele se canse.
Todos os pedaços dele deveriam se reconstruir pra tornar um só órgão, que soe uma bela melodia e que converse mano a mano comigo. Não quero que ele se alie a paixões, mas se entenda comigo, me conte seus segredos e propostas. Eu quero um coração sadio, sem medo, sem agonias e sem planejamentos. Mas ele não quer falar comigo, na verdade parece que ele gosta da agonia que a paixão causa nele.
Deve ser como aquelas dores que precisam de um ativador pra parar de doer. Como sentir dor de cabeça e tentar direcionar isso pra outra parte do corpo. É uma sensação esquisita mas dá vontade de continuar. Eu não gosto dessa rasteira que ele me passa, eu não gosto de ser iludida por ele, nem por ela. O coração e a paixão são namorados antigos, eles não são ruins, só são jovenzinhos sem juízo que bebem demais e não sabem que estão dando trabalho.