segunda-feira, 24 de julho de 2017

quem ama fica

Quem ama, ama de qualquer jeito. Se for interessante ficar, a pessoa fica. Se for pra demorar, demora. Não tem desculpa pra quem ama. Aceitar o pouco de alguém é acreditar que somos poucos, que merecemos pouco, quando na verdade somos infinitos, gigantes e não merecemos nada menos que isso.
Quem ama não se importa com o jeito diferente, se adapta, se enrosca, não sai. Faz fogo quando tá frio, aquece a alma e alivia a dor, só de estar. Quem ama ri junto e não compete força nem ganhos, apenas aplaude e fica feliz pelas conquistas de quem ama.
Ao invés de pedir, se doa, preenche, aumenta as alegrias, se multiplica e faz dos pequenos instantes horas a fio.
Quem ama não cobra, não espera nada em troca, faz o feriado durar uma semana sem sair de casa.
Quem ama não sente ciúme doentio, daquele jeito que ninguém pode encostar, porque tem confiança ali no meio, sabe. Não precisa ter medo.
Quem ama sente que a pessoa tá chegando só pelo cheiro, ou pelo instinto. Cheira, afaga, encosta devagarinho pra não assustar.
Quem ama dá. Quem ama consente. Quem ama espera. Quem ama vem.

quinta-feira, 20 de julho de 2017

dia do amor

Não quero falar de melhores amigos, de cumplicidade, de aventuras, sonhos compartilhados e essas coisas essenciais todas, quero falar de amor, o amor sólido, veemente, incrível e inexplicável que é o amor entre os amigos. O fato de escolher torna tudo mais forte, na verdade o instinto escolheu por nós e por isso estamos - há tanto tempo, tantos acontecimentos, tanto tempo longe - juntos, porque nos amamos, nos conhecemos, nos respeitamos e aprendemos isso devagarinho, sem medo e sem amarras, construímos esse amor e desde então cuidamos dele direitinho. Obrigada por me ajudarem a construir minha vida sozinha, obrigada por me ensinar a conviver com o diferente, obrigada por me instruírem a ir por caminhos mais difíceis e assim aprender muito mais, obrigada por não ser como mãe, mas como irmãos pegajosos e chatos, que não aliviam e tacam as verdades na cara. Obrigada por serem parceiros, leais, fortes e incríveis, a amizade torna a vida mais leve e faz os dias serem menos tortuosos, por isso eu peço, vivam para sempre, não se afastem, não tenham medo, contem comigo, me abracem, me escondam, me ajudem, eu preciso de vocês todos os dias e esse precisar é real como a sede, como o ar, como a vida que existe e nos ensina a caminhar.  

segunda-feira, 10 de julho de 2017

incomum

Como a chuva que veio em julho, milagres acontecem. Assim esperamos, mesmo que alguns estejam inconformados com o frio que também veio sem avisar, mesmo cansados de esperar e pedir a Deus, a Buda, a Iemanjá.
Mesmo perdidos dentro do redemoinho que é o passar dos dias.
Mesmo solitários e antissociais, por medo de represálias, por medo de exposição.
Esperamos assim cansados e sobrecarregados, indo ao encontro da sagrada escritura, procurando abrigo seguro.
Quando não, procurando resposta. E mesmo que seja difícil encontrar, ainda assim esperamos. Convictos, atentos, calados e inertes. Pois esperar também cansa. Esperar também demora e não dá pra ser otimista em todas as situações, então esperar se torna a mais sensata das escolhas.
"Venham os que estão cansados e sobrecarregados que eu lhes darei descanso". Vamos então. Vamos correndo. Queremos deitar nesse friozinho. Queremos descansar sem medo de acordar. Queremos notícias boas pelo menos uma vez. Queremos respostas positivas. Queremos cantar Trem Bala, porque a letra é linda demais, mas já encheu o saco.
Queremos e não podemos fazer nada. Porque não depende de nós, mas ainda assim esperamos.

terça-feira, 4 de julho de 2017

diário

Desde os seis anos eu escrevo em diários. Nessa idade eu nem sabia de muita coisa, mas como se chamava diário, eu tinha que escrever todos os dias, falando o que eu fiz no dia, o que eu comi, o desenho que eu tinha assistido. Era tudo irrelevante, eu sei, mas na época me fazia sentir alguém com um enorme segredo que só meu diário e eu sabíamos. Relendo algumas coisas percebi como eu era egoísta as vezes, principalmente na minha adolescência. Um ego gigante, típico de pessoas nessa fase, queria o mundo pra mim e achava que ele girava ao meu redor. Mas eu era tão pequena quanto meus textos no diário, excluindo possibilidades e pessoas, o tempo inteiro. 
Crescer nos faz perceber o quanto somos insignificantes sozinhos, o quanto tentar provar a nossa grandeza é trivial. É voltar a ser criança. Ter o coração humilde de aceitar as impossibilidades sem perder a esperança.  Crescer nos faz ver como somos pequenos diante de tudo, diante do mundo. Como é relativo o estar. 
Por isso que no meu diário de hoje em dia eu tento não ser arrogante nem ficar fazendo planos, eu tento marcar o que aconteceu, seja bom ou ruim, mas só pra deixar guardado mesmo, porque um dia eu sei que vou ler de novo e quero me orgulhar da jovem pessoa que fui, sem excluir partes, sem rabiscar memórias, apenas pra sentir que eu sempre vou poder recomeçar.