sexta-feira, 22 de agosto de 2025

estou cansada

 Querido diário, eu estou cansada!

Paralela à dor, a vida segue — como sempre pode acontecer. Pessoas inteiras, com braços, pernas, pensamentos e vontades próprias, acabam soterradas pela depressão. Que sentimento invasivo, que azar, que ausência sem nome. O que é preciso para sarar, para curar? Quando um sintoma é tratado, logo outro se apresenta. O que isso quer dizer?

Todos estavam caídos, cada um de um lado, sem saber o que havia provocado aquela queda quase sublime. Deitados na relva, buscavam apenas sentir algo, qualquer coisa. Porque aquilo que sentiam doía demais. Uma dor ridícula, enganosa, que finge devolver algo, mas não devolve nada. Tudo se confunde, e parece que o mundo inteiro se coloca contra. O estado de vigilância se torna tão intenso que chega a doer ainda mais.

É como se fosse infância ainda, ou aquela adolescência torta, mal-ajustada, que todo mundo aponta o dedo e condena. Escrevo com comiseração, como se ardesse nos dedos cada letra, cada tentativa de colocar em palavras o que se deixa prender. Queria tanto saber escrever direito, mas o que sai é cuspido, é escarrado, e vai descendo pela tela como se fosse me engolindo.

É uma dor estranha: não me paralisa, mas me afoga devagar. Submersa, sem respiração, sem nada que sirva de ar. Chega uma hora em que nada satisfaz, nada consola. E aí sobra só essa dor ridícula, que não tem nome, não tem fim, e insiste em se repetir.