terça-feira, 30 de setembro de 2025

vômito

 quando o texto quer sair ele fica me empurrando e me maltratando, que isso, texto? calma, cara.

parece que eu tenho um relógio que me diz quando as palavras tem que ser debruçadas, e à mão ela não vem mais, nem pra escrever no meu diário eu presto mais, que coisa terrível, estou me rendendo à tecnologia. calma, estamos caminhando ainda, não estamos paralisadas, não viramos latim ainda, calma. não quero morrer do meu próprio veneno, chico. mas quero me embriagar dessas palavras que vou soltando sem ver, sem freio, sem parea...

calma. não estou sozinha, ou será que estou? não estou esgotada, nem amassada, nem quebrada, eu sou um emaranhado de ada e tudo isso eu estou, mas parece juntando tudo aí tem sentido. será que vou conseguir sair dessa sem enlouquecer completamente? será que vem aí? vamos, a gente consegue, a gente se empenha, a gente trabalha duro e se esforça como nunca, mas como sempre, como de costume exageramos no trabalho e temos burnout e exageramos na tensão e temos diabetes e exageramos na cobrança e temos hernia de disco, que saco!!! três exclamações, aboli esse hábito quando me tornei publicitária e vi que não podia usar três, mas eu queria usar, acho que a expressão sai mais expressiva, mas já aboli o hábito e não sou mais a santa das três exclamações, vamos para as próximas manias de mim.

sexta-feira, 22 de agosto de 2025

estou cansada

 Querido diário, eu estou cansada!

Paralela à dor, a vida segue — como sempre pode acontecer. Pessoas inteiras, com braços, pernas, pensamentos e vontades próprias, acabam soterradas pela depressão. Que sentimento invasivo, que azar, que ausência sem nome. O que é preciso para sarar, para curar? Quando um sintoma é tratado, logo outro se apresenta. O que isso quer dizer?

Todos estavam caídos, cada um de um lado, sem saber o que havia provocado aquela queda quase sublime. Deitados na relva, buscavam apenas sentir algo, qualquer coisa. Porque aquilo que sentiam doía demais. Uma dor ridícula, enganosa, que finge devolver algo, mas não devolve nada. Tudo se confunde, e parece que o mundo inteiro se coloca contra. O estado de vigilância se torna tão intenso que chega a doer ainda mais.

É como se fosse infância ainda, ou aquela adolescência torta, mal-ajustada, que todo mundo aponta o dedo e condena. Escrevo com comiseração, como se ardesse nos dedos cada letra, cada tentativa de colocar em palavras o que se deixa prender. Queria tanto saber escrever direito, mas o que sai é cuspido, é escarrado, e vai descendo pela tela como se fosse me engolindo.

É uma dor estranha: não me paralisa, mas me afoga devagar. Submersa, sem respiração, sem nada que sirva de ar. Chega uma hora em que nada satisfaz, nada consola. E aí sobra só essa dor ridícula, que não tem nome, não tem fim, e insiste em se repetir.


sexta-feira, 4 de julho de 2025

agora eu sou escritora (só agora?)

 as vezes eu escrevo só pelo prazer do tec tec do teclado, amo onomatopeias e amo saber que as palavras ditas tem mais ênfase do que as escritas e ao mesmo tempo consigo me expressar melhor escrevendo que falando. legal tudo isso, mas o texto é pra dizer que escrevi um livro. 

o processo criativo aconteceu livremente, participei de um concurso em que ganhei um dinheiro para escrever só que não ganhei nada para imprimir o livro, dias depois meu professor sugeriu que eu o colocasse na plataforma clube de autores e deu super certo.

sobre processo criativo novamente, as vezes a liberdade é nossa maior prisão, né, menina? enquanto eu estava ali escrevendo algo que eu queria, por livre e espontânea inscrição no concurso, eu viajava e pensava meu deus isso está realmente acontecendo, desde criança eu queria ser escritora, eu falava isso, eu sonhava com isso, eu escrevia no meu diário, as coisas sempre acontecem como tem que acontecer.

a vida vinha me preparando, (espero estar preparada para ler cem anos de solidão que está guardado há meses) eu sinto, precisava amadurecer como pessoa, precisava ter uma calma que só vem com a idade, ter a perseverança de quem já caiu em alguns abismos e sabe que vai sair, eu precisava estar segura de quem eu sou para conseguir parir um livro.

agora aqui com a iminência da chegada do meu tão esperado livro, fico feliz por ter tido a coragem, feliz por ter sentado e escrito, feliz por acreditar que era possível, feliz por ser eu mesma a fazer isso, feliz pelas pessoas que estão ao meu redor me ajudando de todas as formas. feliz.

sexta-feira, 27 de junho de 2025

tentanto expressar sentimentos

 dentro de mim sempre fica uma incógnita, minha psicóloga disse que seria bom eu tentar escrever sobre meus sentimentos, algo que faço desde que aprendi a escrever, mas ultimamente tem sido difícil decifrar o que minha cabeça está tentando dizer.

o que eu sinto sempre é medo de as pessoas morrerem, morro de medo de perder as pessoas que eu amo, esse tem sido o sentimento mais alarmante e mais forte que tenho sentido, acho que isso está atrapalhando até eu expressar bons sentimentos, falar palavras bonitas, dizer que amo, abraçar, o medo tem me consumido.

não estou conseguindo sobreviver com a ideia de que tudo pode acontecer a qualquer momento, estou apática ao resto, quero apenas a certeza de que meus pais ficarão vivos até sempre, fiz até promessa, estou apelando pra tudo, que tenso esse sentimento, queria tentar defini-lo pra ver se ele faz sentido.

o paradoxo é uma coisa que tá sempre presente comigo também, eu sei que não é possível alcançar essas metas que fiz promessa, mas quero, não quero sofrer, não quero chorar de saudade, não quero morrer por perder pedaços importantes de mim, sendo que tá todo mundo vivo, mas não sei até que horas, a imprevisibilidade da vida me assusta demais.

não sei o que fazer, está sempre tudo muito confuso e tenso, tenho dores musculares e pesadelos por pensar sempre no pior, dói tudo e eu fico as vezes com falta de ar. estou cansada e além disso tudo a dose dos meus remédios aumentou, não sei mais o que me faz bem ou mal. eu só queria desligar uns minutos essa cabeça trágica.

quinta-feira, 27 de março de 2025

as vezes as coisas são difíceis, minha amiga

 eu estava lendo sobre interesses individuais e sentimentos e me lembrei de uma onda em que entrei de saber e achar que sempre estamos e sempre estaremos sozinhos. adoeci e ninguém vai sentir minha dor, você pode tentar imaginar mas não consegue chegar lá, e nem é para. eu amo escrever e em breve vou ser escritora, coisa que sou desde os 6 anos, quando escrevia no meu diário o meu dia a dia e minhas maiores tristezas. mas só por ter um livro escrito e quase editado completamente, eu estou me sentindo escritora e pronta pra fazer a trend do tiktok falando "não precisa ficar com medo de rirem quando você diz que escreve textos e poesias, nós nos tornamos escritora!". é gostoso demais se vingar em vida, uma vingança santa eu diria, uma vingança na própria realização, sem ferir ninguém, mas dando a volta por cima sabendo que você lutou e por um triz não desistiu quando riram de você. e o sentimento é solitário como era quando riam, eu não tinha forças pra bancar meus desejos, tinha medo, vergonha. não sabia se eu conseguiria ou não e não tinha coragem de arriscar. estou feliz de ter trilhado tudo e ter conseguido. estou feliz e esse texto saiu do profundo da minha alma, pois hoje foi um dia meio ruim pra minha saúde mental. 

quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

reflexões pós terapia

 tenho que escrever um texto para o blog de um cliente do trabalho, estou há dias tentando. ontem na terapia eu não conseguia dizer o motivo de não conseguir escrever esse texto, fui procurando motivos como sempre faço quando não consigo fazer algo e voltei no tempo.

quando eu era criança eu era muito pequena e muito nova na escola, consequentemente muito inteligente e estudiosa, as pessoas se encantavam com aquele toco de gente já na quarta série, era assim que se chamava nos anos 90. Eu recebia muitos elogios na escola, só que na quinta série, minha mãe era minha professora de português e eu tirei a maior nota no fim da unidade, todos chocados e incrédulos - inclusive minha mãe, que exclamou: vão achar que estou ajudando ela! - frase que bastou pra eu me tornar a pior aluna da sala.

não estudava mais, não queria tirar mais notas altas, não queria ser exemplo de aluna, tudo o que eu queria era não deixar que as pessoas achassem que ela estava me ajudando por ser minha mãe, ali eu dividi mãe de professora tão intensamente que na sala de aula eu agia como a pior aluna para que ninguém me associasse a ela, pelo contrário, percebesse que ela não me ajudava, daí a justificativa das notas baixas.

esse período na minha vida se estendeu até hoje, aos nove anos parei de tentar, hoje com trinta me vejo deixando as oportunidades passarem com medo de ir bem, com medo de dar certo, com medo de tirar a maior nota e ser cancelada, definição atual de bulling. 

fico pensando se eu tivesse ali continuado me esforçando se eu teria autoestima hoje, de me achar boa em alguma coisa, de pensar que eu consigo fazer, de esse texto, que estou desde o início do mês tentando entregar, sair, sem medo de ficar ruim demais, sem medo de minha chefe achar um lixo ou achar que copiei de algum lugar, sendo que ela nem é assim...

os medos me paralisam e minha autoestima não existe, eu realmente preciso gostar de mim, preciso procurar coisas que me façam me amar, não encontro e me perco nessa busca incessante do autoamor, é muito cansativa a busca do autoconhecimento e estou monotemática por isso.

estava pesquisando o que escrever para os algoritmos acharem o texto que vou fazer, estou muito cansada de tudo isso. não aguento mais as vezes, mas espero aguentar até dar certo.

sábado, 7 de janeiro de 2023

"about fate" comédia romântica da prime video (com spoiler)

quando a gente deita numa tarde chuvosa e quer ver um filme gostoso "about fate" é o certo pra isso. uma comédia romântica que não foge dos clichês apaixonados, com idas e vindas e final feliz.

um casal que ainda não é casal se encontra por obra do destino e a partir de então suas vidas que eram completamente opostas começam a fazer todo sentido se ficarem juntos e isso vai se desenrolando com todos os desencontros que uma comédia romântica precisa para ser engraçada e apaixonante ao mesmo tempo.

o jogo de câmeras faz parecer que eles já se conhecem no início do filme, mas isso só vai acontecer depois por um acaso (ou destino?), cenas inusitadas e até simples demais, no que tange a produções grandes, colaboram para que as pequenas coisas apontem o caminho que eles devem seguir.

gosto de filmes de fim de ano envolvendo encontros e reencontros, mas não sei se gosto muito de todos esses filmes não fugirem do padrão hollywoodiano de protagonistas loiras, com melhor amiga negra, aquele arquétipo de negro mágico que surge apenas para ser engraçado ou salvar a personagem principal, isso me irritou um pouco e por pouco eu não assistia ao filme só por causa disso, rs.

por fim, gostei da narrativa e o modo como a própria história ouvida por eles fez com que ficassem juntos no fim, terminando leve, gostosinho e do jeito que eu queria nessa tarde chuvosa.