terça-feira, 30 de agosto de 2022

viajamos

Saímos de Guanambi à tarde, o sol quente daqui que nos é costumeiro, e partimos voando para Belorizonte. Cheguei lá e fiquei com vontade de escrever, essa escrita descompromissada que não arranca pedaço, sabe. Coloquei meu nome errado na passagem do avião, mas sobrevivemos, uma hora e meia do aeroporto até o hotel, passamos pelo apuro de não saber se nossas reservas estavam feitas ou não, seguimos e conseguimos.

Ao sair pra esquecer um pouco todos os percalços que tínhamos enfrentado até ali, esquecemos o telefone no táxi. Amo falar por dois, estamos nessa viagem eu e João, meu amor. Esquecemos, ligamos, ligamos, ligamos o taxista atendeu e trouxe pra gente de volta, João respirou aliviado e deu uma boa gorjeta pra ele, que grato, nos passou seu telefone para posteridade.

Fomos pro restaurante, João ainda nervoso pelo susto, eu tentando relaxar fui de chopp, ele quis água, já nos acostumamos a viajar juntos, ele é calmo, eu sou um turbilhão, a todo momento procuro o pior do que pode acontecer pra eu tentar prever um futuro que sempre (sem exceção) nos prega peças e eu preciso parar de uma vez a tentar prever.

Voltamos pro hotel, fomos descansar, a minha cabeça fervia a mil, esperando pelo próximo desatino do destino, mas tentei relaxar e curtir os poucos dias mineiros que nos restavam, ah, amanhã seria o festival tão esperado que eu há tempos queria ir e arrastei João comigo, obviamente.

Acordamos, fomos tomar café na cafeteria ao lado do hotel, pão de queijo recheado com pernil e queijo coalho, não sou muito de novidades, prefiro o previsível, mas ali achei que seria bom arriscar e amei. João, taurino como eu, ficou no misto e leite com chocolate mesmo.

Resolvemos conhecer algo turístico, volto a dizer, somos taurinos da gota, o festival começava às 12, então nossa logística foi "vamos conhecer alguma coisinha pra voltar logo e não perder a hora..." os compromissos que fazemos são muito taurinos, ai como eu amo esse relacionamento... Passeamos a pé pelas ruas, me senti em São Paulo, cidade que tanto amo, ruas bonitas, construções centenárias, todos os cenários me inspiravam, era pra ter escrito no momento, mas me perdi na vista.

Chegamos na praça da liberdade, outros turistas como nós, garotos vendendo balas, artistas se expressando, famílias com cinco filhos, encarreirados como patinhos a dançar, e a gente lá, caminhando e contemplando nos minutos que nos propusemos a apreciar. Logo menos voltamos e começamos a nos arrumar pros shows.

Prontos, chamamos um táxi, ele corria tanto que parecia um cenário de fuga, eu coloquei o cinto e fechei os olhos, logo chegamos no Mineirão (logo não, depois de uns bons 40 minutos), paramos perto da porta, comi um cachorro quente no trailer, e partimos para a entrada. 

Aquele lugar me encantou, eu amo show, amo apresentações e me esqueci de passar protetor solar. O sol de meio dia parecia bater palmas e Gilsons entrou no palco. Extasiada cantava, dançava e me enchi de felicidade, só conseguia sorrir, peguei uma bebida Xeque-mate, não me lembro direito do que é feita, mas tem gosto de matte gelado.

Marina Senna entra no palco, eu não dava nada e a bichinha canta e faz todo mundo cantar junto, sem saber nem uma música dela, me joguei e dancei junto. Pabllo uma das minhas atrações esperadas apareceu, eu fiquei muito feliz e realizada, amo shows e sou muito tiete, na segunda música alguém puxou a corrente do pescoço de João e nessa hora o meu brilho foi sumindo aos poucos.

Chegou o outro acontecimento que eu estava esperando pra acabar com meu dia, Emicida ainda ia cantar e eu estava tão triste que nem conseguia ficar ansiosa. Zeca Pagodinho cantou, fui bebendo mais Xeque-Mate, João seguia tristinho e tentando ficar bem por mim, eu sambei um pouquinho e fiquei agarrada no pescoço de meu amor, afim de diminuir o aperto no peito. Furto é uma coisa tão chata, quebra as pernas.

Emicida entrou, eu estaria mais feliz na beira do palco, mas não foi o melhor momento pra viver esse show, espero ir de novo e estar inteira pra me esbaldar de suas poesias ritmadas e tão sinceras. O show terminou e fomos embora com o mesmo taxista da vinda, o ser humano corre e eu pensei que ali seria o próximo desatino da viagem, mas dessa o destino nos poupou, chegamos em casa (hotel) bem.

Eu ainda triste, João de poucas palavras, mas sempre calmo e positivo, tomamos banho e fomos dormir praquele dia acabar logo. Percebi uma leve insolação, meu braço estava vermelho vivo do sol de meio dia, mais uma intempérie para os dias de Jaíce, a louca dos desastres.

De manhã dormimos, nosso voo seria às 13h e pra gente já tava bom de aventura, ficamos na cama, descemos pra tomar café, comi, voltamos pra nos arrumar e 10h já chamamos nosso amigo Leonardo, que nos trouxe o celular de volta noutro dia. Ele mais calmo, no caminho foi mostrando pontos turísticos da cidade. Nos despedimos e ele disse que voltássemos, quem sabe com um bebê na barriga, rimos.

A hora de voar chegou, eu morro de medo de altura e morro de medo de avião, acho que esqueci de mencionar esse pequeno detalhe. Tomei metade de um dramin, João, a outra metade, entramos, eu me agarrei na mão dele e levantamos um voo que parecia que não terminaria nunca, mas terminou, uma hora e meia depois, estávamos em Guanambi, com sol escaldante e cheiro de casa, pousamos.

Essa história atípica me trouxe o gosto de escrever em primeira pessoa. João me trouxe a autoestima de me achar interessante e voltar as palavras pra mim. Belo Horizonte me abriu os olhos para contemplar história. Hoje estou um pouco doente, acredito que sequelas da insolação, tenho que trabalhar, já são 10:55.

Um comentário:

  1. Amei ler o texto! Me trouxe uma coisa muito boa! Você é maravilhosa!

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