Desde os seis anos eu escrevo em diários. Nessa idade eu nem sabia de muita coisa, mas como se chamava diário, eu tinha que escrever todos os dias, falando o que eu fiz no dia, o que eu comi, o desenho que eu tinha assistido. Era tudo irrelevante, eu sei, mas na época me fazia sentir alguém com um enorme segredo que só meu diário e eu sabíamos. Relendo algumas coisas percebi como eu era egoísta as vezes, principalmente na minha adolescência. Um ego gigante, típico de pessoas nessa fase, queria o mundo pra mim e achava que ele girava ao meu redor. Mas eu era tão pequena quanto meus textos no diário, excluindo possibilidades e pessoas, o tempo inteiro.
Crescer nos faz perceber o quanto somos insignificantes sozinhos, o quanto tentar provar a nossa grandeza é trivial. É voltar a ser criança. Ter o coração humilde de aceitar as impossibilidades sem perder a esperança. Crescer nos faz ver como somos pequenos diante de tudo, diante do mundo. Como é relativo o estar.
Por isso que no meu diário de hoje em dia eu tento não ser arrogante nem ficar fazendo planos, eu tento marcar o que aconteceu, seja bom ou ruim, mas só pra deixar guardado mesmo, porque um dia eu sei que vou ler de novo e quero me orgulhar da jovem pessoa que fui, sem excluir partes, sem rabiscar memórias, apenas pra sentir que eu sempre vou poder recomeçar.
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