terça-feira, 4 de julho de 2017

diário

Desde os seis anos eu escrevo em diários. Nessa idade eu nem sabia de muita coisa, mas como se chamava diário, eu tinha que escrever todos os dias, falando o que eu fiz no dia, o que eu comi, o desenho que eu tinha assistido. Era tudo irrelevante, eu sei, mas na época me fazia sentir alguém com um enorme segredo que só meu diário e eu sabíamos. Relendo algumas coisas percebi como eu era egoísta as vezes, principalmente na minha adolescência. Um ego gigante, típico de pessoas nessa fase, queria o mundo pra mim e achava que ele girava ao meu redor. Mas eu era tão pequena quanto meus textos no diário, excluindo possibilidades e pessoas, o tempo inteiro. 
Crescer nos faz perceber o quanto somos insignificantes sozinhos, o quanto tentar provar a nossa grandeza é trivial. É voltar a ser criança. Ter o coração humilde de aceitar as impossibilidades sem perder a esperança.  Crescer nos faz ver como somos pequenos diante de tudo, diante do mundo. Como é relativo o estar. 
Por isso que no meu diário de hoje em dia eu tento não ser arrogante nem ficar fazendo planos, eu tento marcar o que aconteceu, seja bom ou ruim, mas só pra deixar guardado mesmo, porque um dia eu sei que vou ler de novo e quero me orgulhar da jovem pessoa que fui, sem excluir partes, sem rabiscar memórias, apenas pra sentir que eu sempre vou poder recomeçar.

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