terça-feira, 14 de abril de 2020

antissocial na quarentena


Ser antissocial tem as suas vantagens, principalmente em tempos de isolamento. Mas comecei a sentir alguns vestígios de vontade louca de sentar na mesa de bar com meus amigos e sair de madrugada porque o bar fechou e a dona ta puta comigo pedindo pra eu parar de gritar. De leve a sensação. Além do mais, me despertou também a vontade de me declarar, de expressar mais e xingar, falar na cara que “vocês não estão respeitando o isolamento, vocês são burros, irresponsáveis e inconsequentes” e continuar sendo ignorada como boa antissocial que sempre fui, mas acontece.
Talvez assistir Gilmore Girls pela enésima vez não seja também a melhor escolha, escrever cartas e mais cartas e fazer um compilado, que ta mais pra diário de quarentena, ninguém vai querer ler isso, mas queridos, recebam minhas cartas que escrevo com muito sentimento. Pronto, já to falando sozinha de novo, não que isso seja estranho pra mim, mas ouvir meus pensamentos cada dia mais altos me assusta, te assusta também?
Eu não queria que isso estivesse acontecendo, Helena nem se lembra mais de mim, quanto tempo não vejo minha avó e meu afilhado que me é tão caro. Estou definhando aos poucos e minha cara de antissocial está quebrada e jogada no chão, quero contato e quero pessoas, quero ficar conversando até mais tarde, até não saber mais onde o assunto começou. Estou cansada, com sono e aos finais de semana durmo muito e bebo muito. Ah, to bebendo sempre, na geladeira tem vinho, catuaba e cerveja, fora dela tem pinga e tequila. Cuidado pessoal.
Penso que Neia está muito bem, minha outra vó ainda melhor, queria não pensar que as pessoas mortas estão em vantagem, por que é cruel, mas por mais cruel que seja, elas estão melhores, graças a Deus. Que loucura, né. A gente quer viver, quer estar, quer suprir, ao mesmo tempo que a gente se cansa e quer desistir.
Vamos para mais uma rodada de tequila e Big Brother. Hoje é dia de eliminação.

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