segunda-feira, 26 de junho de 2017

sétima série

Todas as aulas eram iguais, “ô diretora pode descer, a sétima série não tem medo de você”. Nos respeitávamos e erámos cúmplices uns dos outros, mas os professores, coitados, sofriam com aquela turma. Digão era gordinho e muito engraçado e Geísa esquelética e com a letra  mais bonita da sala, viviam entre tapas e beijos, um dia ele pulou em cima dela e os dois rolaram um pequeno barranco de terra que tinha ao lado da sala, rimos todos.
Dayse e Cleia, melhores amigas, os melhores trabalhos em grupo e apresentações sempre elas que faziam, a despeito de Tiago e Rafaela – os melhores alunos da turma – que só tiravam 10 e quando não, um 9.8. Mas quando todos se juntavam, incluindo ainda Gisa e Naiane, era show na certa. Eu sempre procurava um jeitinho de entrar nesse bolo, né.
Costumávamos combinar qual a pirraça do dia pra aula de Madalena ou de Eunice, Laiane de um lado da sala começava o “hmmmm” e parava quando Madá encostava nela, daí eu continuava do outro lado, pra ela ficar zonza com o vaivém – Madá, eu não me orgulho disso, saiba.
Marcinha e Liginha brigavam toda semana, as duas se amavam, a gente até combinava roupa quando na escola ainda não tinha uniforme, mas sempre qualquer desentendimento fazia eu ficar no meio, não podia levar conversa nem pra uma nem pra outra, acho que aquela época me preparou pra vida adulta, não foi fácil.
Danilo e Nanado sensações da escola, as meninas das outras séries sempre vinham pra nossa janela admirá-los, só que Nanado foi pra outra escola fazer a oitava série, 80% das meninas da sala perderam seu colírio de cabelo loiro cortado em formato de sopeira (que inclusive, deus benza que ele acordou pra vida e hoje em dia usa topete) e os olhos azuis.
Era divertido quando alguma professora desesperada gritava pedindo pra gente parar de gritar e alguém cantava “pedi pra parar, parou” e todo mundo se aquietava, parecia mágica, mas era só amizade mesmo, apesar de sermos péssimos alunos, éramos ótimos colegas, acho que isso pode ser um ponto positivo, ne?
A oitava também era legal, mas já sem Digão e Nanado. Teve uma apresentação em que rolou beijo de língua, ninguém sabia, porém, que aquele seria o primeiro beijo de Rafael, enquanto Thaís já sabia os truques dos beijos, tia Salu, coitada, começou a chorar enquanto todo mundo admirava o fôlego de Rafael no seu primeiro beijo que durou quase cinco minutos. Anos depois Rafael e Regimônica – que sempre se sentava no fundo - se casaram e tiveram dois filhos.
Hoje em dia a maioria se casou, teve filhos, fez faculdade, alguns tem empregos, outros desempregados (eu e quem), alguns seguiram o que imaginavam que seguiriam outros nem sabem ainda o que querem. Eu não sinto saudades do passado, mas dá uma nostalgia lembrar de como tudo era grande e parecia não ter fim e de como era divertido viver a vida intensamente sem preocupar com o amanhã.

Eu não sou fã de reencontro de turma, mas seria muito legal saber das histórias que eles se lembram daquela sétima série particularmente especial que rumava para o ensino médio há exatos treze anos.

2 comentários:

  1. kkkkkkk...gostei do texto.
    Quado vc falou de encontro de turma me deu uma vontade de comentar aqui...Coincidentemente hoje, o FACEBOOK está relembrando um encontro da nossa turma da 6ª série e neste encontro pudemos tirar uma foto similar à que tiramos na época da escola com o professor Nilton Pereira (detalhe, ele apareceu no lugar - que era público-por coincidência) e também neste encontro EU voltei a conversar com uma colega por causa de uma intriga da época. Foi maravilhoso!!!!
    Outro motivo pelo qual me motivou a comentar seu texto é que eu quero mesmo é saber quem são " Rafael, Regimônica e Digão"!

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    1. jhahahahaha que legal!!!! Muito massa reviver isso tudo e que bom que vcs voltaram a se falar hahaha!
      Rafael é da Tabua, não sei explicar quem é. Regimônica morava perto da minha casa, irmã de um menino que todos chamavam de Índio e Digão é filho de Marivone Benvinda.

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