As possibilidades de enxergar o outro são inúmeras, mas o
outro é, antes da minha percepção, alguém que se intitula, se rotula e eu não
tenho nada com isso. A minha visão do “quem é você” não interfere na sua vida
nem na vida de ninguém que eu, por ventura, queira classificar.
O que você faz ou o que deixa de fazer só interfere na vida
do outro se você resolver que vai extrapolar os limites da liberdade. Você se
isenta de críticas quando não toma partido, mas o que seria de você sem tomar
parte de alguma coisa? O que você faz? O que você é se não tem algo em que
acreditar?
Não é preciso ter opiniões formadas, mas é preciso ter no que
acreditar, mas nenhuma dessas questões envolve o “ter que intervir na vida,
opção, intelecto, alternativa (...) de alguém”. Nada é verdade se isso for
observado a partir de um único ponto de vista. Ninguém é uma única coisa. Ninguém
sabe de tudo.
As pessoas têm que
deixar de cavar raso e meter a broca nas aparências. Ir fundo, perceber (do
infinitivo latino percipere, que
significa “apreender pelos sentidos") que tudo é uma questão de
sensibilidade. Todas as coisas são o que são. Mas as pessoas não. As pessoas
estão. E isso muda todo o contexto, todos os rótulos, todas as premissas e
todas as verdades.
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