domingo, 23 de abril de 2017

se ame e se venere

O padrão acaba com a gente. A gente quer ser magro, alto, cintura fina, peitos fartos, bunda grande, barriga negativa – o tempo todo. A gente quer pintar os fios brancos, esticar as rugas do rosto, depilar a laser, fazer lipo, fazer drenagem, perder 10 quilos em um mês, entrar no tubinho preto P, calçar 36, colocar salto 15 e quem sabe crescer uns dois centímetros. A gente não tá satisfeito com nosso corpo e a gente nem para pra se questionar o motivo disso, o padrão aprisiona a gente, o que a gente vê na televisão, revistas, internet, aprisiona nosso estado natural de beleza, porque não sabemos o que de fato é real e o que é inventado pra gente acreditar.
A gente nasceu lindo. Cada um com um quilo ou dois a mais, linhas de expressão mais evidentes, pele flácida, braços fofos. A gente nasceu e se esquece disso. A gente está vivo e se esquece disso. São tantas as nuances de beleza, são tantas as qualidades que ficam invisíveis quando a gente acha que o mais importante está no número da calça ou na papada aparente. A gente é tão bonito, por que é mais fácil acreditar que não? Por que dar mais atenção a uma  crítica vazia que a um elogio cheio de verdade e estima de melhoras?
Não tem problema engordar dois quilos se você respeita os mais velhos. Não interessa se as pessoas dizem que você é feio sendo que você tem consciência de que é importante cumprimentar de volta quando alguém lhe sorri. Entenda que é preciso reconstruir o seu eu, acreditar na sua força e no que tem dentro do seu coração, porque sentir-se bonito de dentro pra fora é a maior riqueza que alguém pode conquistar. 
Quando a gente entende que a beleza é intangível, que vai muito, mas muito além de perspectivas e padrões que nos colocam, que transcende os comentários maldosos, a gente renasce. Descobrir o amor por si próprio e por todas as particularidades que cada um carrega, traz o sabor da vida de volta. A gente nasce bonito, a gente nasce querido, quem disse que a gente precisa ser bonito pros outros não sabe a grandeza, a leveza, a liberdade e a clareza que é ser bonito pra si mesmo.

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